Minha
mãe diz que naquele momento as nuvens se escureceram, ela já não sabia se iria
trabalhar ou se só se lamentava aos prantos, pois achava que a vida não tinha mais o mesmo sentido,
afinal ela ainda não conhecida o verdadeiro amor de Deus e tudo que esse amor
seria capaz de fazer.
A
dor constante em seu ventre continuava devido ao tumor que ali estava presente,
para a tristeza de minha mãe, então ela resolveu fazer logo os exames assim
mesmo como o medico havia lhe pedido, para operar o quanto antes. Quando
faltava apenas duas semanas para a cirurgia ela lembrou que para Deus nada era
impossível, o que era impossível para o homem era totalmente possível par Deus.
É bom lembrar que desde que ela descobriu o tumor, desacreditando do
diagnostico do medico que havia lhe falado que só poderia cura-la fazendo a
cirurgia para a retirada do mioma, na esperança de encontrar outra forma que
não fosse a cirurgia ela resolveu visitar mais 6 médicos todos sem exceção lhe deram
o mesmo diagnostico, e sua pergunta era a mesma para todos os médicos, que se
ela poderia engravidar mesmo com o tumor, e todos lhe responderam que sim, mas
que a gestação não passaria do 3º mês, o que seria também um imenso risco para
sua vida. Conta ela que os papeis já estavam todos prontos para a cirurgia só
esperava o dia chegar, foi então que achou melhor esperar em Deus, sua ultima
esperança era Nele, e ela espero, e nunca mais voltou ao consultório do medico
que iria opera-la e de nenhum outro. E para sua alegria a hemorragia começou a
diminuir e ela passou mais cinco longos anos com o problema, agora bem mais
tranquilo, sem lhe prejudicar em nada, ela não quis operar na época e tocou sua
vida como se não tivesse problema algum em seu ventre, viveu normalmente,
trabalhando como uma jovem comum com uma imensa vontade de viver.
Passado
os cinco anos, eis que surge o meu pai, eles se conheceram por telefone, nada
muito comum nos dias de hoje (que contamos com a ajuda da internet), ficaram se falando por telefone
durante três meses, tempo e assunto demais para eles que nunca se quer se virão
por foto, mas enfim... Resolveram marcar um encontro em algum local da cidade,
e por algum motivo, que minha mãe não me falou, eles não se encontraram nesse
dia combinado. Resolveram tentar mais uma vez e dessa vez parece que deu certo
e enfim se conheceram, minha mãe conta que logo que eles se conheceram já se
apaixonaram e viveu um intenso e forte amor, namoraram um curto período e logo
meu pai decidiu que queria casar, minha mãe surpresa e ao mesmo tempo muito
feliz, decidiu alerta-lo quanto ao seu problema de saúde, ela disse que se ele
não quisesse casar, ela entenderia, mas se se casassem ele estaria ciente de
sua situação, de que eles “jamais” poderiam ter um filho juntos. Meu pai a deixou muito a vontade com sua
resposta quando afirmou que a aceitaria exatamente como ela era e que o amor
dos dois seria suficiente para sua felicidade. Minha mãe não conteve sua
emoção, afinal ela queria muito ser mãe, mas por outro lada estava desiludida
com essa ideia e o meu pai era o conforto que ela tinha, pois o amor que ela
sentia por ele era capaz de diminuir aquela dor de saber que “nunca” poderia
ser mãe. Mas conforme o tempo passava ela ia aceitando mais a ideia e ocupando
sua mente com os preparativos do casamento, faltando alguns dias para eles se
casarem, ela resolve fazer uma visita ao seu primeiro medico (o que havia lhe
falado que ela tinha o tumor), ele ficou surpreso ao vê-la bem, ela o procurou
para avisar que decidiu que iria engravidar, e ele muito aflito lhe lembrou de
que ela não poderia, e se caso decidisse tentar que não forçasse nada deixasse
acontecer naturalmente, ela concordou.
Chegado
o grande dia do casamento dos meus pais, foi tudo muito simples, porém lindo
exatamente como eles tinham planejado ser, assim relata minha mãe. Passaram-se um mês e vinte dias após
o casamente deles e minha mãe já começara a sentir os primeiros sintomas da
gravidez, ao enjoar depois de ter almoçado, passou mal e vomitou, ela achava
que fosse algum alimento que ela comeu que não a fez bem, nem desconfiava da
possibilidade de estar gravida. Depois do ocorrido ela resolveu tomar um chá de
boldo, e por sua essência ser muito amarga, além de ser uma erva que causava o
aborto, ela tomou e poderia ter perdido o feto ainda em inicio de formação,
porém ela vomitou também o chá evitando assim que ele ficasse em seu organismo
correndo o risco de eu não existir, mas Deus já cuidava de mim.
Ela
continua a trabalhar normalmente mesmo passando mal durante todo o tempo, mas
nunca passou por sua mente que estaria gravida, depois de uns dias ela resolveu
procurar seu medico para ser medicada daquele desconforto e náuseas. Mas para
sua surpresa o medico falou que iria solicitar um exame de gravidez no mesmo
dia alegando ser um caso de urgência, preciso do resultado hoje, porque você
está gravida! Disse o medico a minha mãe, que com um sorriso foi imediatamente
fazer o exame apesar de não acreditar
ainda que estava realmente gravida pois já não sonhava mais, só esperava em
Deus. Para sua surpresa o teste deu
positivo (ihul! Carlinha, a bordo,rs), ela não conseguia se conter de emoção.
Saiu do consultório sorrindo, pois já sabia que era mãe, e só conseguia
agradecer a Deus por tamanha alegria que sentia, em seu pensamento orou dessa
forma: “Deus, se for da tua vontade eu ver a rosto dessa criança, para atua
gloria e que seja feita a tua vontade, sempre. amém”. Então se medico recomendou
que tranquilidade fosse essencial naquela gestação de “risco”. Quando ela
completou quatro meses de gestação, quatro meses em que eu já EXISTIA, ela
começou a sentir meus primeiros movimentos (olha que coisa, eu também senti
minha filha se movimentar com exatos quatro meses de gestação e foi uma emoção
tão gostosa, nunca poderei me esquecer), e desde o começo de sua gestação minha
mãe já conversava comigo, mas foi só com os quatro meses da gravidez que eu
comecei a se mexer como um sinal de que entendia o que ela sentia e falava
comigo, ela sempre me tratou como sua “filhinha”, pois em seu coração ela
sentia que aquela menina dos seus sonhos tão antigos se fazia presente em seu
ventre, comprovando assim que seu sonho se tornara realidade. Ao quinto mês de
gestação minha mãe teve uma forte contração (principio de aborto), teve que ser
internada as pressas, no mesmo hospital em que meu pai trabalhava, imagina como
ele ficou aflito ao ver minha mãe naquelas condições, o medico a examinou e a
diagnosticou como não podendo da continuidade a gravidez, pois seria
extremamente arriscado, pois minha mãe corria serio risco de vida, a opção
devia ser feito naquele dia mesmo e com urgência, pois minha mãe já não podia
me ter em seu ventre (“eu poderia ser o motivo da sua morte”), mas minha mãe
não perdeu sua fé em Deus, sem ao menos derramar uma lagrima, ela respirou
fundo e disse: -- Eu não aceitou operar, deve haver outra solução. Irei para
minha sogra e lá pensaremos no que fazer, Deus vai da à solução, amanha mesmo
procurarei meu medico e resolveremos essa questão. No dia seguinte já no medico que acompanhava
seu pré-natal, ele recusou a operação e pediu um ultrassom analisando as
imagens o medico pediu para que ela ficasse de repouso absoluto durante dois meses,
pois ao completar sete meses ele iria fazer uma cessaria para que as duas (a
criança e ela) sobrevivessem, era a única forma de continuar a gestação... Então
minha mãe seguiu todas as orientações do medico esperou completar o sétimo mês.
Enquanto isso ela conta que nesse período de repouso ela passou por alguns
aborrecimentos, chorou também, mas sempre se manteve calma para manter minha
tranquilidade, pois sua maior preocupação naquele momento era minha bem estar,
falava comigo, dizia que Deus cuidava de nós e que tudo ficaria bem, diz ela
que quando fez exatos oito meses (milagre! Eu sobrevivi ao oitavo mês, que bom
acho que Deus me mostrava o quanto eu seria forte e ao mesmo tempo frágil), eu
soluçava e ela sentia, mas geralmente isso acontecia porque ela estava triste,
segunda ela eu sentia sua tristeza e o soluço era a forma de dizer que estava
ali, junto dela não importando a situação. (A partir do oitavo mês ela começou
a passar muito mal, pois o mioma crescia junto comigo minha mãe costuma dizer que
sentia que estava gravida de gêmeos, pois essa era a sensação), sua barriga
crescia muito rápido, então devido a esse contratempo ela visitava o medico a
cada 15 dias para ter certeza que nada fugia do controle. O medico ainda tinha
duvidas quanto ao parto, se seria normal ou cessaria devido ao grande risco que
tanto eu quanto minha mãe corria, mesmo com tantos momentos delicados de sua
vida, minha mãe não sentia medo ela só queria me conhecer e me ter em seus
braços, para que eu dessa continuidade a sua geração. Ela pensava em escolher
logo o nome, fez uma seleção dos que gostaria e anotou em uma caderneta,
arrumou todo o enxoval, com o pensamento de que se ela não sobrevivesse a parto
seria um daqueles nomes que ela desejaria que eu tivesse, e nesse mesmo caderno
ele dizia as duas pessoas que poderiam cuidar de mim na sua ausência duas tias,
uma a irmã do meu pai (tia Neuza) e a tia Cleuza (que falei no começo da
história) a irmã de minha mãe, isso só iria acontecer caso ela não sobrevivesse
ao parto.
Os
dias se passaram depressa e enfim chegou o dia em que eu nasci, e saiu tudo com
um dia minha mãe havia planejado, ocorreu tudo bem no parto, ao contrario do
que os médicos esperavam inclusive o parto foi normal, o que já era um milagre
para a medicina, justamente pelo serio problema que minha mãe tinha, não
poderia ter sido normal, mas minha mãe costuma dizer que Deus escreveu a nossa
historia desde o principio Ele cuidou de nós com muito zelo. Ate aquele momento ela não sabia o sexo do
bebe, assim ela preferiu, testou sua fé em Deus, pois seu coração desde sempre
estava Nele e os sonhos eram tão reais... Que seu coração sempre soube que
seria uma menina, ate ela me pegar em seus braços, minha mãe diz que eu era um
bebe lindo, meu pai não quis entrar no centro cirúrgico estava muito emocionado
e apreensivo, pois eram minutos decisivos, ele sabia o risco que minha mãe e eu
corríamos, posso imaginar o desespero dele naquele momento, era um misto de
emoção que só ele poderia descrever.