Mostrando postagens com marcador daqui há muito tempo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador daqui há muito tempo. Mostrar todas as postagens
Daqui Há Muito
terça-feira, maio 28, 2013
Daqui a pouco vou te dizer que daqui há muito que não consigo esquecer. Estou olhando para o lado sempre e, quase sempre, sem querer, procurando por você. Olhando para o lado de fora do mundo eu sempre encontro mil chances para distrair daquilo que eu sei que falta quando olho para dentro do mundo que construí no peito. No barulho de fora tudo é novidade, no silêncio de dentro tudo é saudade. A saudade, aquela esperança de atender à buzina no sinal e, ao olhar, ser quem te faz querer chegar ao outro lado da rua, aquela vontade de ao se virar, quando te tocarem na rua, dar de cara com aquele alguém por quem você se revira para ter sempre mais motivos para olhar para a frente do que olhar para trás. Então, eu refaço caminhos e, até sem perceber, me vejo voltando a lugares que deixaram de ser meus e se tornaram nossos, tudo para ver se, por algum descuido, nós ainda nos encontramos lá, se o amor ainda está lá, aguardando ser recuperado no balcão de "Achados e perdidos". E, aí, eu saio para comprar um telefone de algum modelo específico que você atenda, comprar uma passagem que me leve a você, comprar um perfume que borrife a fragrância de mais um tempo para nós. Vão até me chamar de nostálgico, mas não é nostalgia, não é querer que o tempo volte, eu não quero que o tempo volte, basta voltar você. Vão também, talvez, dizer que eu só escrevo coisas tristes, mas basta explicar que a saudade sempre chega em forma de papel e caneta e que a felicidade é ocupada e preguiçosa, não gosta de escrever. Eu acho que é como todas as palavras de amor escritas poderiam ser resumidas: você pode sempre voltar, eu, onde estiver, vou estar sempre aqui para você. Ser o amor de alguém é ser o lugar para alguém poder voltar. Amar é um jeito de saber que se pode sempre voltar e de saber que o outro sempre vai voltar, é assim, independentemente de se ter ou de não se ter quem se ama do lado - do lado de fora, pois do de dentro todos sempre temos. Fazer o amor dar certo é nada mais do que isso, encontrar um jeito de ter sempre do lado de fora quem se tem do lado de dentro. E quando se consegue, não importa o quanto isto dure, você deve comemorar e, se terminar, fazer disto uma lembrança, um motivo para saber que há felicidade, ainda que na saudade. É preciso usar a saudade para fazer durar a esperança de que o amor não nos endureça. Por isso faça da saudade vela, nunca âncora, pois, assim, vai poder seguir, encontrar novos dias e amores, e encontrar um lugar especial para guardar aquele alguém, mas ainda assim escrever uma nova história. E algo nunca tire da memória, você é quem eu mais quis na minha história. Daqui a pouco você vai perceber que daqui há muito amor para dar e recomeçar. Estou olhando para a frente e esperando chegar um amor que dure, um amor que não seja duro, um amor leve e que levo - dentro e fora.
Ruleandson do Carmo, tem 26 anos, é jornalista, doutorando em Ciência da Informação (UFMG) e ama falar de amor. Para saber mais sobre o autor acesse Eu Só Queria Um Café