Resenha: A menina que roubava livros


 

Título: A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS
Páginas: 480
Ano: 2006
Editora: INTRÍNSECA
Gênero: FICÇÃO
Autor: Markus Zusak
Avaliação: 4/5 (4 estrelas, porque eu esperava um pouco mais do livro,no inicio a narrativa é um pouco cansativa, até pegar o ritmo da leitura eu demorei um pouco,mas fora isso, a essência da história é inspiradora e, reflexiva).

Às vezes eu chego cedo demais. Apresso-me e algumas pessoas se agarram por mais tempo à vida do que seria esperado.”



A história é narrada pela Morte no ano de 1939, na Alemanha Nazista. Ela se apresenta de maneira sutil e misteriosa, um tanto “dramática”. No inicio da leitura, tive dificuldade em pegar o ritmo da escrita do autor e, principalmente em me adaptar com a narrativa de uma personagem no mínimo estranha: a morte. Mas lá quase no meio do livro eu comecei a me envolver e compreender a mensagem do autor foi quando – para mim - a história começou a ficar mais envolvente. A morte conta a história de Liesel Meminger, uma garotinha de semblante triste e magrela.

Liesel foi entregue para adoção quando tinha apenas 8 anos, seus pais comunistas não poderiam ficar com ela e, nem com seu irmão mais novo, em uma época da Alemanha Nazista liderada por Adolf Hitler. Mas a morte tende a mudar o rumo do destino de Liesel, tudo começa na viagem de trem seguindo para a cidade de Molching (uma cidadezinha pobre na Alemanha), Liesel ver seu irmão morrer no colo da mãe. A partir daí a menina tem sua primeira “experiência com a morte”. Algo difícil de superar – não fosse os livros – começa aí a jornada dela com as palavras (os livros), penso que Liesel não parou de roubar mais livros como uma válvula de escape para seus problemas, foi roubando e lendo que ela percebeu o “alivio” de suas dores, seus medos. 

Ao chegar ao seu destino - na rua Himmel - ela é entregue a seus novos pais, Rosa e Hans Hubermann, um casal de alemães pobres. Rosa por sua vez, é uma dona de casa exigente e rabugenta, sua maior ocupação é humilhar as pessoas, ela adora falar mal dos outros e vive por fazer. Mas confesso, essa foi à personagem mais marcante – para mim – pois ela é de um senso de humor único, me divertiu muito no decorrer da história com suas rabugices. Rose se torna engraçada em certos momentos e é exatamente isso que a torna cativante.



“Aquela velha aleijada, sentada lá, só definhando. Nunca teve que enfrentar um dia de trabalho em sua vida.” Pag. 41


“Não se deixe enganar, a mulher tinha coração. Um coração maior do que as pessoas suporiam. Foi ela que alimentou um judeu, sem uma única pergunta. Ela foi a que esticou o braço, bem no fundo de um colchão, para entregar um caderno de desenho a uma adolescente.” Pag. 463

Hans (o pai), por sua vez é um ser humano exemplar, um homem simples, porém motivado pelo amor, nada o tirava sua ternura. Só ele tratava Liesel com tanta ternura e supria com seu amor e, toda sua paciência. Um paizão. O maior de todos os presentes da vida da Liesel: o papai e o seu acordeão. Um homem digno de seus valores, como poucos. Encantei-me por Hans, chorei também. 



“Não ir embora: ato de confiança e amor, comumente decifrado pelas crianças.” Pag. 37



Rudy Steiner, vizinho e amigo da menina. Juntos eles criaram um laço de amizade e cumplicidade muito consistente. Uma amizade que me fez encher os olhos. Rudy o garoto dos cabelos amarelo, o melhor amigo, o eterno amor de Liesel.

“Ela ouviu o estomago do amigo roncar – e ele estava dando pão às pessoas.”

Max Vanderbug, um judeu que surgi na vida dos Hubermann. Inicia-se aí um laço de amizade entre ele e Liesel tão forte que ultrapassa a linha do tempo. À menina se torna um forte motivo para que Max não desista de continuar sua jornada. Liesel se preocupava muito com Max e fazia o possível para que ele se sentisse importante dentro de uma família alemã. Mais uma prova de lealdade e fraternidade que serve para a vida toda. Aprendi muito com eles e, com essa amizade tão verdadeira e, rara. Os amigos e, as palavras. Assim se fortificou a amizade entre eles, através dos livros.

“Numa janela da rua Himmel, escreveu Max, as estrelas puseram fogo em meus olhos.” Pag 330


Por fim, Liesel é uma criança que vive diversos causos, que penso que talvez um adulto não suportasse metade do que essa garotinha passou em uma época de guerra, desavenças, fome, confusões... Em fim, é uma história para refleti sobre a vida e, porque não sobre a morte? (nossa única certeza). 

Liesel não teve muita escolha em toda sua vida, mas ela jamais deixou de desisti das palavras, mesmo quando elas a confundiam, mesmo quando as palavras a “derrubava”, nem assim, ela se apegou em tudo que acreditava e, foi até o fim, persistiu em todos os seus objetivos, mesmo com os golpes da morte há cercando todo tempo, ela decidiu acreditar na vida. A morte até passou perto, visitou-a mais de uma vez e, por algum motivo a deixou em paz...

Uma história comovente, por vezes dramática, mas que de certa forma nos mostra do verdadeiro sentido do que é viver. E do quanto nós, humanos, somos contraditórios e, às vezes driblamos o caminho da morte. De pensar que um dos livros da roubadora, lhe salvará a vida. 



Viverei cada momento como se fosse o ultimo, porque a vida passa muito rápido, precisamos fazer valer a pena cada instante ao lado das pessoas que amamos, pois jamais poderemos supor quando elas ou nós iremos sairemos desse plano. Mas a intensidade pela qual vivemos é o que fara toda diferença. Supri todo resto. 

Penso em como essa história mexe comigo hoje e, será assim todas as vezes que eu olhar para esse livro. Memorável. 


“Os melhores sacudidores de palavras eram os que compreendiam o verdadeiro poder delas. Eram os que conseguiam subir mais alto. Um desses sacudidores era uma menininha magricela. Ela era famosa como a melhor sacudidora de palavras de sua região, porque sabia quanto uma pessoa podia ficar impotente SEM as palavras. Pag 387 (2).



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