Ano: 2014
Páginas:167
Gênero: Pesquisa (economia)
Classificação: 5/5
"A
favela agita-se se desloca, aprimora-se e transforma-se. Empenha-se em
exercícios estéticos e educativos, no beco,a viela da qual observa o
mundo." Página 117 "
Um livro
escrito por Renato Meirelles (presidente do Data Popular,
primeiro instituo de pesquisa no Brasil focado em mercados emergentes). E Celso
Athayde (criador do C.U.F.A – Central
Única das Favelas, atualmente presidente do projeto Favela Holding que é um
conjunto de empresas que tem como objetivo central o desenvolvimento de favelas
e de seus moradores).
Este é um
livro de pesquisa baseado em estudos realizados dentro das comunidades, e
pautado de muitas informações esclarecedoras, e que com certeza vão te
surpreender, irá prender sua atenção desde o principio, lhe agregando
conhecimento aguçando ainda mais sua curiosidade sobre o tema.
Esteja certo de uma coisa: depois de ler esse livro você vai enxergar a favela
com outros olhos, nada mais será como antes.
Esteja
preparado para quebrar qualquer tipo de preconceito (caso você tenha algum), e
se permita visualizar um cenário real e tão próximo de você, porém marcado por
alguns momentos de tristeza que facilmente se misturam com a alegria, coragem e
superação, de um povo sofrido, mas também que cativam momentos de alegria, de um povo
batalhador que vem se refazendo a cada ano,
também crescendo em números e economicamente falando. Iremos
desvendar os mistérios e verdades da "nova favela" (da
ReFavela do Brasil). Esteja pronto para conhecer diversas histórias reais,
contadas por quem já viveu, e vive do “outro lado do muro”, histórias de pessoas que vivenciam dramas e alegrias, mas que de alguma forma tem algo a
ensinar, e fortalecem dia a dia da economia do nosso país.
E aí,
vamos conhecer o mundo real das favelas do Brasil?!
Assim que
o livro chegou, comecei a ler, ressalto que esse foi meu primeiro
livro de pesquisa e superou todas as minhas expectativas. Minha maior
curiosidade era saber como surgiu as favelas, os desafios e alegrias que mantém as comunidades. Sobretudo eu acho justo que todos os cidadãos seja
da favela ou não, busquem saber mais sobre uma das maiores realidades do
Brasil, que ainda divide não só opiniões, mas também pessoas. Esse livro
mostra sem restrições, cada pedacinho que faz da favela ser o que ela é, com todas
as suas evoluções e obstáculos. Além de esclarecer o que a mídia não diz.
O livro
começa com o prefácio de Luiz Eduardo Soares, ele faz uma ligeira apresentação
do que o leitor verá no livro, resumido em 10 páginas, também esclarece o significado
da palavra favela e suas origens, tal como a visão do poder público e suas
mazelas quanto a favela. Logo em seguida temos uma breve apresentação do rapper
MV Bill, que é um dos idealizadores do projeto C.U.F.A. Ele diz que é possível sim, existir uma comunidade
pacifica onde todos são unidos e se respeitam, é tudo uma questão de respeito e
percepção de cada indivíduo.
“A favela é reduto de criatividade, da invenção, do
empreendedorismo pleno, das artes, dos afetos e da solidariedade. E, se
concordarmos, a carência não é uma característica daqui." Página 17
O projeto C.U.F.A e o Data Favela, também tem o apoio de alguns famosos descritos no livro, tal como Luciano
Huck, Regina Casé, Pedro Zezé, entre outros.
Narrado
por Celso e Renato Meirelles, o livro se destaca
por sua objetividade e clareza quanto ao tema. Recheado de pesquisas que vai
desde o principio das favelas no Brasil até - estaticamente falando – aos
investimentos feitos dentro das comunidades que se nomeiam a "refavela" (a evolução das favelas), através de: parcerias e facilidades na compra de uma passagem
área, ou nos comércios locais como: lotéricas, bancos, grandes redes de lojas famosas instaladas dentro das comunidades. Além dos depoimentos de alguns moradores das
comunidades, relatando seus dramas e alegrias vividos ali.
Estatisticamente
falando, estima-se que já são 11,7 milhões de habitantes que compunham a favela
no Brasil. A surpresa maior se dá ao fato de que por sua extensão a favela
chegaria a compor o quinto país mais populoso da federação, gerando assim uma
renda de aproximadamente 63 bilhões de reais ao ano para o país. Mas isso não se compara a
força e constante evolução das comunidades, assim a favela vem provando pelo tamanho da sua força
e vitalidade.
Se de um lado rola o trafico e a violência, do outro existe
pais de família que apenas desejam voltar para o seu lar em segurança
e garantir um futuro digno aos seus filhos. Estamos falando de trabalhadores (muitos em tempo
integral) que compõem a sociedade de maneira positiva,
alavancando diariamente a economia do nosso país. São pessoas que idealizam
sonhos e tentam incansavelmente fazerem parte de uma sociedade ainda divida
pelos seus preconceitos, distanciamento e falta de comprometimento com aqueles
que vivem nas favelas. Falta mais respeito e desenvolvimento social tanto
da urbanização (pessoas que vivem fora da favela) quanto das autoridades - que ainda secam negativamente as comunidades, mas ao
mesmo tempo se alimentam do suor do povo sofrido -.
A
leitura, de modo geral, mostra os dois lados da moeda,além de provar que 94%
dos habitantes das favelas são de fato felizes, mesmo que haja uma parcela
considerável, de 30% dos que admitem sofrer algum tipo de preconceito por
morarem na favela, ainda sim, a alegria do povo se faz presente em muitos
momentos.
"Viver na favela é, sobre tudo, constituir laços. No
entanto, é também tocar a vida para frente quando seus moradores são
abruptamente "quebrados", seja por motivos particulares seja por
inflexões derivadas no âmbito da gestão publica" Página 34
Enquanto focamos apenas no lado
“escuro” (violência, trafico, etc) nos esquecemos de que é lá, na favela, que
nascem centenas de crianças que também tem sonhos, mas que as vezes são
interrompidos pelo descaso das autoridades ou pelo preconceito da sociedade distante da realidade desses moradores, nos deixamos equivocar pelo que a
mídia e os nossos olhos querem ver, mas nem sempre é assim; como o livro mostra na favela existe milhares
de pais de família dispostos a dá um futuro aos seus filhos, as vezes julgamos uns pelo todo, isso é um grande erro. Se existe o erro também é possível existir o acerto, ainda dá tempo de estabelecer confiança e igualdade entre todos, por que
não? Afinal o povo das comunidades são unidos são muito capazes de construir
seus sonhos mesmo que isso signifique anos de rendição. Sejamos corpo do
mesmo compromisso.
A leitura deixa claro o tempo todo o espaço gigantesco que ainda existe entre a vivencia no asfalto e a verdadeira face da favela que muito ainda desconhece. Desde o estilo musical até o comercio local, tudo acontece ali, dentro das comunidades, e muitos nem sabem que é dali que nascem grandes empreendedores e sonhadores. Ainda existe um distanciamento considerável entre o real e a ficção. O livro abre nossos olhos para a realidade vivida do lado interno das favelas.
"Os sonhos de Enderson seguiam na mesma trilha.
Desejava montar tijolos, colar ladrilhos, recortar janelas, concluir a casa da
mãe. Quando eu sair, quero poder dizer: olha, deixei essa construção
pronta, afirmava, emocionado. Para ele, o bom povir exigia garra,
coragem e compromisso com o estudo.” Página 101
Eu
finalizei a leitura certa de que na favela existem pessoas dispostas a causar a
mudança! Aprendi, me surpreendi, quebrei preconceitos e agora minha visão sobre
a favela é de alguém que enxerga um futuro, a evolução de um povo disposto a
conquistar seu espaço, digno, na sociedade.
A leitura
é rápida de fácil entendimento, além de aprender, o leitor se sentirá como se
estivesse ali, na comunidade, visualizando a realidade dos moradores de uma
determinada comunidade.
Um País
Chamado Favela vai abalar não só as autoridades, mas muitos que vivem no
asfalto e acham que favela é só lugar de tragédias. É um tapa na cara de
muitos, uma nova éra que vem por aí, e a favela faz parte dessa mudança.
Os
autores já pensam até em uma nova edição dando continuidade a pesquisa.
Estou pronta e ansiosa para ler os próximo capítulos dessa história da vida
real. ^^
Um trecho
do livro que me fez refleti, sobre a dura realidade desses moradores, e que
muitas das vezes, oculta, de nós telespectadores. O outro lado da moeda em que
muitos preferem fechar os olhos para não ver, outros até desconhecem, a
verdadeira face do poder publico que insiste em dizer que zela pelo povo das
comunidades. Será?!
"As milícias continuam ativas, mas adotam outros
métodos de ação. Visadas pelo olhar da cidadania, elas agem com descrição.
Continuam matando, mas sem alarde, cuidando de fazer sumir os cadáveres. São,
sem dúvida, responsáveis pelo crescente número de desaparecidos nas
estatísticas da segurança pública." Página
144