“Se não for hoje, um dia será. Algumas coisas, por mais
impossíveis e malucas que pareçam, a gente sabe, bem no fundo, que foram feitas
para um dia dar certo. ”
Caio
Fernando Abreu
Fui à sua
casa naquele dia atribulado, mas algo deu errado. Era para eu chegar logo pela
manhã, problemas no serviço, só conseguir ir à tarde, mas fiz questão de ir, mesmo
cansada e com compromisso agendado para a noite. Alias quando agente gosta,
agente cuida, corre atrás, sacrifícios fazem parte de uma boa relação. Ou estou
enganada¿
Chegando ao
local marcado, pela primeira vez ele não estava lá a me esperando quinze minutos
depois eis que ele surge entre asfalto, carros, transito de pessoas, na minha
direção vem um garoto com olhar cabisbaixo, usando seu boné estilo ‘hip hop’,
um short largo, camiseta preta (gola V), tênis. Daquele jeito, só seu de
ser. Cumprimenta-me com um sorriso
tímido, olhar ainda cabisbaixo como quem esconde algo importante. Talvez por
medo ele se recusasse a falar ou simplesmente por ser alguém desconhecido pra
mim tudo parecia misterioso demais para alguém ingênua como eu, não podia
voltar atrás.
-- Oi, tudo
bem com você?
-- Sim,
tudo! Você que não me parece muito bem. O que houve? - eu perguntei
---Nada,
não.
Ele diz seco
e distante.
Chegamos à
casa dele. Nem parecia aquele local organizado que eu estava acostumada. Tava
mais para “um furacão passou por aqui” ah, antes que eu me esqueça: a mãe dele havia
viajado, sobrou para ele cuidar da cada, imagina só o caos. Cheguei a comentar
sobre a bagunça, ele apenas disse que foi uma reuniãozinha com os amigos. Eu
logo desconfiei que não fosse nada disso.
O telefone
toca, no segundo toque ele já atende alguém do outro lado da linha o assustava
dava para perceber pelo semblante de seu rosto assustado, algo bom não poderia
ser. Ele era intimidado, bom obedecer! Fiquei assustada, algo não parecia esta
no seu devido lugar. Ele desligou o telefone e tratou de me falar: -- Preciso
sair, é urgente-- Sem esboçar alguma reação peguei minha bolsa, ele já estava
na porta, fui em direção a ele, sair. Ele, claro quis ser gentil -- Eu te levo
até o carro.
- Não precisa! Olhando fundo em seus olhos, eu
disse.
Ele
insistiu. Tive que aceitar. – Ok, vamos lá. No caminho ele tentou me explicar
aquele telefone pra lá de esquisito, o quanto era importante para ele bláblá, concluindo
o telefonema era sobre entrevista de emprego. Concordei, desconfiado e
chateada, afinal quem ele pensa que é para agir assim comigo, falta de
consideração pelos momentos maravilhosos que passamos juntos. Pensei que a me ver, fosse mais importante. Alias
haviam passado oito meses desde o nosso ultimo encontro.
Percebi
naquele momento que todas as minhas expectativas sobre ele estavam erradas. De
uma vez por todas eu precisava desistir de insistir em uma pessoa muito
complicada para mim, que sempre achava uma desculpa para não esta presente em
minha vida. Cansei, e claro que ele percebeu.
-- não fica
triste, tá? Assim que eu resolver isso agente marca algo. Você gosta de açaí?
-- Odeio
açaí.
Exclamei. Ele ta cansado de saber que eu não suporto
açaí.
-- nossa não
precisa falar assim. Ah, sei lá vamos marcar algo pra semana que vem... Pronto,
chegamos. Agora preciso voltar correndo.
Deu-me um
beijo no rosto. E pegou seu rumo. Sem ao menos olhar pra trás. Ali tive certeza
que nunca mais eu iria vê-lo novamente. Muita coisa mudou no tempo que
estivemos longe. E continuaria a mudar numa velocidade incrível.
Depois de algum tempo ainda nos falamos, com
uma frequência mínima, mas ainda sim algo de bom restou: uma boa amizade e
respeito, o que já é muito. Descobrir que naquele dia não era bem uma
entrevista que ele ia, era a sua “nova” garota lhe intimidava a esta com ela. Ele, claro obedeceu e me deixou ir sem ao
menos refletir o quanto meu coração estava dilacerado por culpa dele. Como ele
mesmo disse: nunca deixou de ser aquele garoto imaturo de boné, shorts largo,
camiseta. Que um dia eu conheci. Seu extinto sempre será de um garoto em busca
talvez da garota perfeita que satisfaça seus caprichos e esteja a sua
disposição quando ele quiser.
Talvez os
sentimentos sejam assim mesmo, hora explosivos que te faz querer jogar tudo
para o alto só para esta ao lado de quem gostamos hora são sentimentos
instintivos (defesa): manter distancia quando a pessoa já não corresponde suas
expectativas muita das vezes infantis.
Amar é olhar alem do olhar;
Amar é encarar os vendavais mais
intensos
Ao lado de quem você ama;
Amar é desistir em minutos e
retroceder sempre;
Amar é se inspirar no ser amado todos
os dias;
Amar é aceitar a bagagem do outro com
todo
Peso e defeitos pré-existentes;
Amar é ser cúmplice, é respeitar...
Amar é ser presente nas horas mais
impróprias;
É declarar seu amor todos os dias sem
medo:
Da rotina, do que irão pensar. É
entrega.
Amar com todas as imperfeições e
erros que
Serão cometidos nesse percurso
chamado: vida a dois.
Fazemos
escolhas na vida e devemos responder por cada uma delas, seja ela boa ou ruim,
as escolhas que fazemos determinara nosso destino, nossa identidade.
Ao amar
alguém, ame com cuidado, com respeito, não pise nos sentimentos alheios, não
faça aquilo que você não gostaria que fizessem com você. Porque dói, machuca e
muita das vezes a cicatriz ainda faz lembrar.
Carla
Adrielle